A presente pesquisa investiga a precarização e a deterioração das condições de trabalho dos docentes na Educação Profissional e Tecnológica (EPT), em especial aqueles que atuam nos Itinerários Formativos do Novo Ensino Médio (NEM). A partir de uma abordagem qualitativa, sustentada pelo referencial teórico do materialismo histórico-dialético, analisamos como a reestruturação produtiva do capital e a implementação de políticas neoliberais têm intensificado a fragmentação da carreira docente, ampliando a flexibilização, a instabilidade contratual e o esvaziamento de sentido na profissão. Metodologicamente, realizamos uma análise documental e bibliográfica crítica das normativas que orientam a EPT, associada à pesquisa de campo em uma instituição pública de ensino. Foram aplicados questionários e entrevistas semiestruturadas com professores que atuam nos Itinerários Formativos, permitindo captar suas percepções sobre os efeitos das recentes reformas educacionais em sua prática profissional. Os resultados indicam que a implementação do NEM, mesmo com suas mais recentes alterações, reforça a dualidade estrutural do ensino médio brasileiro, restringindo o acesso à formação integral e reduzindo a autonomia docente. O avanço da lógica mercantil na educação intensifica a sobrecarga laboral e desarticula a coletividade da categoria, dificultando formas de resistência e organização sindical. Ademais, a substituição de conteúdos críticos por competências pragmáticas direcionadas ao mercado de trabalho compromete a função social da educação, enfraquecendo o potencial emancipatório do ensino. A relevância deste estudo reside na necessidade de compreender para enfrentar o processo de precarização docente como parte de uma dinâmica mais ampla de desmonte das políticas públicas e de desvalorização da educação pública como direito social. Ao trazer à tona as vivências dos professores no contexto da reforma do ensino médio, buscamos contribuir para o debate sobre as diferentes formas de exploração do trabalho docente como expressões da luta de classes, além de alternativas que fortaleçam a EPT, resguardando seu papel na formação crítica e integral da juventude trabalhadora.