Esta dissertação buscou analisar as repercussões da implementação do “novo” Ensino Médio nos livros do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) sob olhares docentes da área de Linguagens do Instituto Federal de Educação e Tecnologia de Minas Gerais (IFMG). Para tanto, partimos do seguinte questionamento: como a implementação do “novo” Ensino Médio nos livros didáticos distribuídos pelo PNLD repercutiu no fazer docente dos professores do IFMG da área de Linguagens, especificamente, em relação ao componente Língua Portuguesa? Para tratar desse tema, tomamos como referencial teórico autores que discutem sobre a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) nos livros do PNLD, Currículo Integrado e EPT e discussões sobre o “novo” Ensino Médio a partir de Moehlecke (2012). Metodologicamente, optamos por realizar um estudo de caso numa perspectiva qualitativa. Os resultados do trabalho indicam que houve significativas repercussões da nova estrutura do Ensino Médio nos livros didáticos de Língua Portuguesa. Isso se materializa na organização e distribuição dos conteúdos (de componentes curriculares específicos passam a disciplinas que compõem áreas do conhecimento, neste caso, a de Linguagem e suas Tecnologias), na redução drástica do número de páginas dos livros em relação ao PNLD 2018 e, sobretudo na abordagem pedagógica que é perpassada pelo viés ideológico presente em políticas públicas de educação implementadas no Brasil, na década de 1990. Um dos efeitos previsíveis dessa redução de conteúdos é a abordagem mais superficial dos temas, o que compromete a complexidade e a diversidade textual necessárias para o desenvolvimento pleno das habilidades linguísticas dos estudantes. Ademais, a condensação de todo o programa em um único volume pode dificultar a organização do conteúdo bem como a sequência pedagógica dos temas e prejudicar o processo de ensino-aprendizagem. Soma-se ainda o fato de que as obras do PNLD, sob o viés da BNCC, conduzem o estudante para uma lógica que o faz se sentir o único responsável pelo êxito ou insucesso de seu próprio futuro, além de incluir as mensagens implícitas de um currículo orientado para as necessidades do mercado de trabalho. A análise das entrevistas revelou que os docentes participantes utilizam materiais próprios em sala de aula e o livro didático de forma complementar. Com relação ao "novo" Ensino Médio, apontam ser um equívoco a nova divisão da carga horária entre conteúdos da educação básica e os itinerários formativos. Além disso, foram unânimes acerca da importância do guia do livro didático. Como resultado desta pesquisa, criamos um e-book intitulado "Orientações e Estratégias para a Escolha do Livro Didático: um olhar a partir da pedagogia histórico-crítica", cujo objetivo é apresentar diretrizes e estratégias para a escolha de livros didáticos. Esse material poderá ser utilizado por professores, gestores e demais educadores, contribuindo para a compreensão da relevância do livro didático no processo educacional e fornecendo orientações práticas para a sua seleção nas escolas.