Cemitérios são fontes potenciais de contaminação para o solo, água subterrânea e superficial, devido à geração de necrochorume no processo de decomposição de corpos. Neste contexto, o objetivo geral deste trabalho foi realizar um diagnóstico ambiental para verificar possíveis alterações da qualidade do solo, de aquíferos livres e das águas superficiais por necrochorume em uma área que abrange um raio de 400 m a partir do perímetro do Cemitério Municipal Parque Cachoeira, em Betim/MG, por meio de duas campanhas de amostragens principais, realizadas em duas estações distintas: a primeira em maio de 2016, representando o fim da estação chuvosa, e a segunda, em setembro de 2016, fim do período de estiagem. O diagnóstico consistiu em uma avaliação qualitativa, quantitativa, descritiva e explicativa por meio de estudo de caso. Os parâmetros definidos para água subterrânea e superficial foram: cadaverina, putrescina, clostrídios sulfito- redutores, coliformes termotolerantes, coliformes totais, dureza total, alcalinidade total, nitrogênio amoniacal, metais totais, mercúrio total, pH, temperatura, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, enxofre total, fósforo, sulfato, nitrato e nitrito, sendo estes cinco últimos avaliados somente para água subterrânea. A caracterização do solo consistiu na análise dos parâmetros: granulometria, fósforo, matéria orgânica, capacidade de troca catiônica, pH, permeabilidade e metais totais com a inclusão de mercúrio total. Para a realização do diagnóstico, delimitou-se a área na distância de 400 m do perímetro do cemitério. De acordo com as análises de solo, no interior do cemitério, a granulometria se mostrou com significativa porcentagem de grãos finos 48,9%, indicando potencial de retenção de microrganismos oriundos de necrochorume, e apresentou permeabilidade de 8,0 x 10 -5 cm/s, classificada como baixa, dentro da faixa aceitável de 10 -5 a 10 -7 cm/s. No interior do cemitério, o maior valor detectado foi de 6,64, indicando, provavelmente, que, nos processos transformativos, a fase de esqueletização influencia no aumento do pH nas áreas de sepultamento. Em relação às análises de metais, observou-se que a formação geológica da região influencia nas suas concentrações. Os resultados das amostras de água superficial apontaram reflexos negativos dos impactos ambientais devido ao uso e ocupação do solo na microbacia, e não pela operação do cemitério. A região do entorno não é impactada pela fase de coliquação, e a não interceptação com o nível do aquífero livre, no interior do cemitério, a granulometria predominante de silte, no fundo dos jazigos, e a baixa permeabilidade influenciam na retenção de diaminas, como Cadaverina e Putrescina. As atividades do cemitério não alteram a qualidade do solo e da água subterrânea e superficial do seu entorno, e as características hidrogeológicas observadas não influenciam no transporte de contaminantes das áreas interiores para as adjacentes ao cemitério.